No Brasil, 55% da população está acima do peso, número que
deve subir para 88% até 2060. Sendo ligeiramente maior entre homens (57,1%) do
que entre mulheres (53,9%). A obesidade crônica aumentou 72% nos últimos treze
anos, saindo de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019. Ainda, 12,9% das crianças
brasileiras entre 5 e 9 anos de idade têm obesidade, assim como 7% dos
adolescentes na faixa etária de 12 a 17 anos. Em 2020, a obesidade custou R$
190,5 bilhões ao país. Esse valor vai saltar para R$ 1,3 trilhão em quatro
décadas.
Nos últimos meses, uma "canetinha" com agulha na
ponta virou uma febre entre as pessoas que desejam emagrecer. A princípio, a
semaglutida — o nome científico da molécula — foi estudada e aprovada como um
tratamento contra o diabetes. Mas logo os cientistas começaram a observar um
"efeito colateral" muito interessante dela: a perda de peso.
Semaglutida ou semaglutido, vendida sob as marcas Ozempic, Wegovy ou Rybelsus,
entre outras, é um medicamento usado para tratar diabetes tipo 2, obesidade e
sobrepeso.
A Bloomberg Intelligence espera que o mercado de tratamento
da obesidade atinja US$ 44 bilhões até 2030. O valor da Eli Lilly e da Novo
Nordisk cresceu quase 50% no ano passado, superando de longe o S&P 500 e o
setor de saúde em geral, já que a dupla lidera o mercado em ascensão de
tratamento da obesidade, previsto como o próximo grande sucesso no setor
farmacêutico. A Lilly e a Novo são agora a segunda e terceira empresas
farmacêuticas mais valiosas do mundo. A Lilly trocou de posição com a Johnson
& Johnson pelo primeiro lugar durante a maior parte de junho – é a primeira
vez que a J&J é substituída como a principal empresa farmacêutica em 15
anos. O crescimento da Eli Lilly e da Novo Nordisk foi impulsionado por avanços
clínicos bem-sucedidos em uma série de medicamentos para dieta e obesidade.
Desenvolvidos e lançados com sucesso originalmente no mercado de diabetes, a
Lilly e a Novo mostraram que seus medicamentos, Mounjaro e Wegovy,
respectivamente, proporcionam benefícios significativos para a perda de peso.
Como resultado, a Lilly e a Novo estão correndo para colocar
seus medicamentos no mercado e expandir sua distribuição, enquanto outras
empresas, ansiosas para fazer parte do maior mercado em desenvolvimento, estão
correndo para desenvolver produtos de tratamento da obesidade para adicionar
aos seus portfólios.
Embora tanto a Tirzepatida (nome comercial de Mounjaro) da
Eli Lilly quanto a Semaglutida da Novo tenham sido aprovadas para diabetes e
tenham sido usadas por milhões de pessoas, apenas a Novo recebeu a aprovação da
FDA para vender o medicamento com a indiciação de tratamento da obesidade,
enquanto espera-se que a Lilly receba a aprovação do órgão até o final do ano.
Apesar de ter recebido a aprovação oficialmente em junho, a Novo enfrentou
dificuldades para ampliar sua cadeia de fornecimento para atender à demanda por
seu medicamento para obesidade, chamado Wegovy, e teve que lidar com uma
escassez constante, o que a levou a repensar seu lançamento no mercado
internacional.
A Lilly divulgou recentemente os resultados de um
medicamento experimental para obesidade que produziu os resultados de perda de
peso mais altos entre todos os tratamentos até agora. A empresa também adquiriu
a startup de medicamentos para obesidade Versanis Bio por um valor estimado em
até US$ 2 bilhões, apostando no medicamento experimental da startup que
pretende ajudar as pessoas a perder peso enquanto preserva a massa muscular.
Conforme os medicamentos da Lilly e da Novo chegam ao
mercado, outros players estão tentando entrar no que deve se tornar o maior
mercado farmacêutico da década. A Pfizer, ansiosa para encontrar um negócio
sustentável após o declínio da pandemia do COVID-19 e o sucesso de suas
vacinas, está correndo para desenvolver um medicamento oral para tratar a
obesidade que possa competir com os medicamentos da Lilly e da Novo, mas teve
que interromper o desenvolvimento de um dos medicamentos por motivos de segurança.
A Amgen e a Viking Therapeutics também estão no processo de desenvolvimento dos
seus próprios medicamentos para tratar a obesidade, na esperança de oferecer
medicamentos que tenham uma vantagem competitiva em relação aos da Lilly e da
Novo. Enquanto isso, outras empresas farmacêuticas estão tentando se realocar
no mundo pós-pandemia e desenvolver negócios sustentáveis. A Johnson &
Johnson, por exemplo, desmembrou sua divisão de saúde do consumidor e planeja
simplificar seu portfólio para se concentrar em produtos de maior crescimento,
como as ofertas oncológicas.
Fontes: BBC, Guiadafarmacia, Abeso