O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, reagiu ao projeto de lei que prevê o retorno de emagrecedores derivados de anfetamina ao mercado. A proposta, apresentada pelo deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), torna sem efeito resolução da agência de 2011 que os proibiu por ausência de estudos comprovando sua eficácia e segurança
Nesta semana houve audiência pública feita na Câmara para discutir o projeto. Representantes de entidades médicas e funcionários de farmácias de manipulação lotaram o auditório, pedindo a volta dos remédios. A expectativa de Bornier é a de que a proposta seja votada na Comissão de Seguridade Social nos próximos dois meses.
Para técnicos, o projeto de Bornier dá margem a uma serie de questionamentos jurídicos, pois anula uma decisão que foi tomada regularmente por uma agência reguladora. Mas Barbano avalia que a discussão não está centrada em questões jurídicas. Se aprovado, diz, isso representaria um precedente no funcionamento das agências reguladoras, criadas pelo Congresso, com atribuições específicas. "Se o Congresso tenta impedir decisões da agência que ele próprio criou, é momento de se discutir outra coisa: o modelo regulatório que o Brasil quer."
O projeto de lei retoma uma discussão que, para o presidente da Anvisa, foi resolvida. Por quase dois anos, a agência debateu riscos e benefícios da permanência de quatro emagrecedores no mercado: três derivados de anfetamina (femproporex, mazindol, anfepramona) e sibutramina. Uma consulta pública, uma audiência pública e um painel com especialistas foram realizados. Por unanimidade, a Anvisa decidiu pela retirada dos derivados de anfetamina. A sibutramina foi mantida, com regras mais rígidas.
Tão logo a resolução foi anunciada, médicos iniciaram uma pressão para a volta dos remédios. Eles dizem que ficaram sem alternativa terapêuticas e defenderam a segurança dos remédios, apesar de efeitos colaterais.
Depois da proibição, aumentou o uso de remédios para outras doenças que ajudam a emagrecer - parte das vezes, indicado pelos próprios médicos -, algo condenado por pesquisadores. O uso da sibutramina caiu 34,5%.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo.