Nesta
terça-feira (14/6), especialistas estão reunidos em Brasília, no
auditório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para
debater riscos e benefícios do uso de inibidores de apetite no país.
Femproporex, Mazindol e Anfepramona são os medicamentos que estão no
centro da discussão nesta tarde.
Na primeira
apresentação do período da tarde, foram expostos os parâmetros
científicos da nota técnica da Anvisa, assim como os dados de eficácia e
segurança dos três medicamentos. Entre os pontos destacados pela
especialista em vigilância sanitária da Anvisa, Laís França, estão as
graves reações adversas provocadas pelo uso dos produtos.
“No caso do Femproporex, 70% da dose oral é transformada em anfetamina no fígado, o que leva o produto à apresentar reações adversas graves semelhantes às das anfetaminas, como hipertensão arterial moderada a severa, arritmias cardíacas, psicose paranóide, transtorno obssessivo compulsivo, entre outras”, disse a especialista da Anvisa.
Segundo ela, as
contra-indicações aliadas às reações adversas graves associadas ao uso
dos produtos comprometem a segurança do Femproporex e dos outros dois
medicamentos catecolaminérgicos (Mazindol e Anfepramona) aprovados no
Brasil.
Para Wanderley
Machado, da AMB, as ações regulatórias devem cuidar do paciente como um
todo e não serem centradas na droga isoladamente. A médica Cíntia
Cercato, do Hospital das Clínicas de São Paulo, manifestou a mesma
opinião e ressaltou a importância de se considerar a prática clínica
como subsídio para a tomada de decisão da autoridade regulatória.
“Caso a Anvisa
determine a retirada dos inibidores de apetite do mercado brasileiro,
ficaremos sem opção de tratamento baseado na fisiopatologia da doença.
Observamos, na prática clínica, uma resposta muito significativa dos
pacientes ao tratamento com inibidores e isso precisa ser considerado”,
afirmou Cíntia Cercato. Segundo a médica, a Anvisa não pode aplicar
novas exigências à uma medicação que entrou no mercado há mais de 20
anos.
O professor
Francisco José Roma Paumgartten, da Fundação Oswaldo Cruz, lembrou que,
até 1962, os medicamentos chegavam ao mercado sem nenhuma necessidade de
demonstração de eficácia e afirmou ser inadmissível não considerar, 50
anos depois, os avanços da regulação na tomada de decisão.
“A segurança e
eficácia de um medicamento não podem ser presumidas para justificar uma
decisão da autoridade regulatória. A segurança e eficácia devem ser
exaustivamente demonstradas”, explicou Paumgartten.
O professor
associado de Medicina Interna da UFRGS e chefe de cardiologia do
Hospital de Clínicas de Porto Alegre utilizou, simbolicamente, um slide
vazio para demonstrar a pobreza de evidências técnico-científicas sobre a
eficácia e segurança dos medicamentos Anfepramona, Femproporex e
Mazindol.
O Painel Técnico
Internacional sobre Eficácia e Segurança dos Medicamentos Inibidores de
Apetite termina nesta terça-feira (14/6), em Brasília.
Leia o texto sobre a abertura do painel.
Leia o texto sobre a abertura do painel.
Vanessa Amaral