O Senado debateu,
nesta terça-feira (7/6), os prós e os contras do uso de medicamentos
emagrecedores. A proposta apresentada pela Anvisa, em fevereiro de 2011,
aponta para a suspensão do registro desses medicamentos no país.
A partir da
divulgação de novos estudos sobre a sibutramina e a indicação da Câmara
Técnica de Medicamentos de que os emagrecedores não possuem eficácia e
segurança que justifiquem a permanência destes produtos no mercado, a
Anvisa divulgou, durante audiência pública, documento indicando a
necessidade de cancelamento do registro destes medicamentos.
Os medicamentos que são alvos da discussão são a sibutramina, o femproporex, a amfepramona e o mazindol, sendo os três últimos anfetamínicos.
De acordo com o
diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, o que está em debate é um
problema de saúde pública, pois grande parte da população brasileira
sofre de sobrepeso e os medicamentos utilizados como parte do tratamento
não possuem dados que dêem sustentação a sua permanência no mercado.
“A Anvisa está
conduzindo o debate de maneira serena. É preciso preservar a discussão
no espaço técnico”, lembrou Barbano. Para o diretor, confundir a
discussão proposta pela Agência com preconceito contra a obesidade é uma
irresponsabilidade que não contribui para encontrar a melhor resposta
para a saúde pública.
O diretor-presidente
ressaltou, ainda, que, apesar do debate em andamento, é papel da Anvisa
discutir a segurança de qualquer medicamento no mercado. “Não podemos
transferir essa responsabilidade para nenhum segmento que sofra pressões
das mais diversas formas”, defendeu o diretor-presidente.
A audiência pública
aconteceu em reunião conjunta das comissões de Direitos Humanos e
Legislação Participativa e de Assuntos Sociais do Senado Federal, a
partir de um requerimento do senador Paulo Paim.
Para o professor
Antônio Carlos Lopes, da Escola Paulista de Medicina, antes de pensar
nos tratamentos que têm sido aplicados para a obesidade, é importante
questionar quais são os motivos que têm levado à enfermidade, caso
contrário o problema não será resolvido. Para Lopes, um equívoco
existente é que muitas vezes o médico vai direto para a prescrição do
medicamento sem entender os fatores sociais da obesidade.
Segundo o diretor
geral da Associação Brasileira de Nutrologia, Paulo Giorelli, há
consenso de que o medicamento não vai transformar um obeso mórbido em
magro, mas seu uso pode trazer benefícios. Também participaram da
audiência pública o médico Geniberto Paiva, da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, e o médico João Sales, da Sociedade Brasileira de
Endocrinologia.
A discussão relativa
ao uso de anorexígenos no Brasil será ampliada durante Painel
Internacional promovido pela Anvisa, na próxima terça-feira (14/6). O
encontro será realizado no auditório da Agência, em Brasília, das 9h às
18h, e contará com a presença de especialistas internacionais. Quem
estiver fora de Brasília, poderá acompanhar o debate em tempo real, pela
internet.